III ENCONTRO PIBID CIÊNCIAS SOCIAIS DA REGIÃO SUL
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
19 e 20 de novembro de 2015
Diante da crise
econômica e da aplicação de políticas de austeridade no Brasil, a educação
pública aparece como um dos setores mais afetados com os cortes no orçamento,
colocando em risco a existência do próprio PIBID e demais projetos ligados a
formação de professores e pesquisadores. Foi nessa conjuntura que ocorreu o III
Encontro PIBID Ciências Sociais da Região Sul, nos dias 19 e 20 de novembro de
2015, nas dependências da Universidade Federal de Santa Catarina em
Florianópolis.
Em sua terceira edição, o Encontro
teve como finalidade a articulação regional do PIBID, área de Ciências Sociais/Sociologia,
propiciando a troca de experiências e análises das atividades desenvolvidas nos
diversos projetos e espaços educativos da região, envolvendo universidades e
escolas. A reflexão coletiva em torno dessas experiências educativas, com a participação
de estudantes das licenciaturas em Ciências Sociais ou Sociologia e de
professores de universidades e escolas dos estados do Paraná, Santa Catarina e
Rio Grande do Sul reforçou os objetivos fundamentais do PIBID: promover a
necessária aproximação entre as universidades e as redes públicas de ensino,
valorizar a escola pública como espaço educativo e adensar a formação docente
nas universidades.
Ao mesmo tempo, essa
reflexão coletiva visou contribuir com os debates atuais no campo educacional,
voltando-se principalmente para a discussão de três temáticas: o papel do PIBID
na formação docente; a Sociologia na Base Nacional Comum Curricular; os
movimentos em luta pela educação pública de qualidade. A partir dessas
discussões, foram deliberadas diretrizes pelos participantes do Encontro, que
visam fortalecer o PIBID como programa que cria mecanismos concretos de
qualificação da educação pública.
Sobre
o PIBID e a formação docente:
1. Construir
espaços de discussão coletiva sobre a escola e a formação docente necessárias
para responder às exigências de uma educação de qualidade.
2. Ampliar
vagas do PIBID, de modo a que mais estudantes tenham oportunidade de integrar o
programa durante o curso.
3. Fortalecer
o papel do PIBID enquanto agente articulador entre universidade e escola.
4.
Preparar os estudantes pibidianos
para inserção no campo da educação e para o enfrentamento de problemas que
podem aparecer no decorrer do processo didático pedagógico na escola.
5.
Levar para o estudante do ensino
médio uma perspectiva crítica a partir do conhecimento da sua realidade, rompendo
com o condicionamento de uma linguagem acadêmica comumente utilizada nas
universidades.
6.
Apontou-se a ausência de pesquisas
na universidade sobre o ensino de sociologia e o descaso para com a carreira
docente.
Sobre a Sociologia na Base Nacional Comum Curricular (BNCC):
1. A
atual versão da Base Nacional Comum Curricular apresenta inconsistências
teóricas e pedagógicas, o que nos leva a reivindicar junto ao MEC a ampliação
do prazo de discussão do documento.
2. Criar
condições de rediscussão ampliada dos fundamentos do componente curricular de
Sociologia, incorporando a experiência acumulada de docentes formadores nas
universidades, de professores da disciplina nas escolas e de bolsistas dos
projetos PIBID.
3. A
discussão ampliada sobre a Sociologia na BNCC deve se articular à luta pela
ampliação da carga horária da disciplina, particularmente nos Estados em que
ocupa apenas 1h/a semanal na organização curricular.
4. É
problemática a noção de cumulatividade dos conteúdos de ensino de Sociologia
nos três anos de Ensino Médio, quando se pensa suas condições práticas. Há uma
descontinuidade didática entre as propostas para o primeiro e segundo ano e uma
sobrecarga de conteúdos para o terceiro ano.
5. Indica-se
a necessidade do estudo sobre as propostas da BNCC pelos projetos PIBIDs de
Ciências Sociais/Sociologia, além de sua participação ativa na discussão
coletiva das propostas.
Sobre
os movimentos em luta pela educação pública de qualidade:
2015 foi um ano de
intensa luta, em todo o território nacional, em defesa da educação pública. As
greves de professores das escolas, o movimento grevista nas universidades
envolvendo professores, técnicos administrativos e estudantes, a mobilização
dos estudantes de São Paulo contra a tentativa de desmonte do sistema público
de educação escolar, os protestos contra os cortes de verbas e bolsas do PIBID são
exemplos claros dessa luta, à qual nos vinculamos os participantes do III
Encontro PIBID Ciências Sociais da Região Sul. As discussões em torno desses
movimentos resultaram nas seguintes propostas de ação coletiva:
1.
Organizar
espaços de diálogo entre as várias categorias de trabalhadores da educação,
mesmo fora dos períodos de greve, com apoio no trabalho de base dos sindicatos.
2.
Estimular a
formação política nas escolas, dialogando com os grêmios estudantis e
promovendo oficinas, aulas e outras atividades pedagógicas que respondam às
necessidades postas pelos estudantes.
3.
Discutir a
função social da academia objetivando alterar a estrutura acadêmica.
4.
Ministrar aulas
públicas de Sociologia com o objetivo de contribuir para a consciência política
nas comunidades distanciadas das universidades.
5.
Defender cotidianamente
o ensino de Sociologia na Educação Básica, com base na Lei nº 11.684, de 2 de junho
de 2008.
6.
Reforçar a luta em defesa do PIBID,
enquanto programa que potencializa uma qualificação da educação pública, articulando
estudantes e professores de todo o país, aproximando universidade e escola,
enfrentando debilidades e lacunas da formação docente, desafiando as condições
de precarização do trabalho pedagógico nas escolas.
Florianópolis,
novembro de 2015.